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sexta-feira, maio 03, 2013

Discos que formaram meu caráter (Parte 16) - Vários- Sub (1982)

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Muito bem moçada, estamos aqui de novo para falar de discos, musicas bandas e afins. Traduzindo melhor, estamos aqui para falar de Rock na maior essência da palavra.

A bolacha de hoje é uma junção do melhor que varias bandas estavam produzindo no ano de 1982. Antes de toda liberdade conquistada, antes dos milicos saírem das nossas vidas, ainda com a mordaça na boca, o disco de hoje é rápido e rasteiro, o vinil em questão se chama SUB.

Gravado no ano de 1982, era para ser um disco só do Cólera (grande banda, falaremos muitas vezes dela nessa seção), inicialmente seria batizado de “Sub- Ratos”, mas o intuito e o pensamento comunista do “grande” Redson (vocalista do Cólera) fez com que outras três bandas fossem chamadas e mostrassem o seu melhor no disco. Eram elas Ratos de Porão, Psykose (com “Y” e “K” mesmo) e o Fogo Cruzado.

O que era pra ser um disco de uma banda só, acabou se transformando em uma das mais importantes coletâneas de Punk Rock da história, sendo mundialmente respeitada e aclamada.

Sub mostrou o melhor que aquela molecada feia, que andava de preto pelas ruas estreitas e recheadas de concreto de São Paulo estava fazendo.

Antes de tudo, é preciso falar que o sentimento de liberdade ainda era raridade em nossas terras e que foi preciso muita coragem para ser feito isso naqueles anos. O movimento punk ainda estava engatinhando na América Latina, como sempre, muitas ideias eram distorcidas. Mas na cara e na coragem, essa rapaziada foi  lá e fizeram o disco que para muitos é o marco inicial do movimento (beleza existe o “Grito Suburbano”, mas falaremos desse outro puta disco em outra oportunidade) punk.

O disco é incendiário do começo ao fim, são exatamente 24 musicas em apenas 32 minutos, ou seja como já disse é rápido e rasteiro, como um bom punk rock.

Vamos às faixas:

O Cólera contribui com as faixas “X.O.T”, “Bloqueio Metal”, “Quanto vale a liberdade”, “Histeria”, “Zero Zero”, “Sub Ratos”, o Ratos de Porão entra de sola com “ Parasita”, “Vida Ruim, “Poluição Atômica”, “Não podemos Falar”, “Realidades da Guerra”, “Porquê ?”. Já o Psykose veio com “Terceira Guerra Mundial”, “Buracos Suburbanos”, “Fim do Mundo”, “Vitimas da Guerra”, “Alienação do Homem”, “Desilusão”. Já o Fogo Cruzado fecha o caixão com “Desemprego”, “União entre os Punks do Brasil”, “Delinquentes”, “Inimizade”, “Punk Inglês” e “Terceira Guerra”.

Falando em desespero, miséria, fome, guerra e ecologia (sim eles já falavam antes de virar modinha) os caras colocaram a cara para bater em plena ditadura, coisa que muitos dos nossos conceituados artistas não estavam mais fazendo. Ou seja, estavam na vanguarda não esperaram o tempo amenizar para colocar a boca no trombone e falar da podridão da vida, e deixar de lado o lado bonitinho do “Pra frente Brasil”.

Pelo registro histórico e pelo verdadeiro bombardeio de verdades a serem cuspidas, “SUB” merece e muito patente de Clássico.

Ao ouvir os acordes infernais desse disco você, caro leitor, vai aprender duas coisas:

Que o gosto de pinga barata que vai tomar conta de sua boca é em decorrência do som, e que nossa juventude foi bem mais que uma veadagem de ser uma “... Banda numa propaganda de refrigerantes”.

Redson que todos os coiotes uivem por você. Vida longa ao PUNK.

Marcelo Guido é Punk, pai, marido, jornalista e professor “Pura revolta nessa porra”.

2 comentários:

  1. Escutei o SUB pela primeira vez aos 13 anos. De lá pra cá as músicas nunca mais saíram da minha cabeça. Salve REDSON!

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  2. Eu também. Tinha esse disco quando pequeno, mas sumiu. Até hoje as musicas eventualmente brotam em minha mente. Gostaria de ter um cd desse disco. Silvio Sampaio (silviosampaiojr@hotmail.com)

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