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segunda-feira, junho 10, 2013

Discos que formaram meu caráter (Parte 22) - A Valsa das Águas Vivas – Dance of Days (2004)

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Muito bem galera, estamos de volta com nossa programação normal. Se é que podemos achar normalidade nessa louca viagem, pelo universo paralelo da música, discos e afins. 

Nossa prosa nos levará ao mundo do underground paulista, ou melhor, nos subterrâneos da boa música brasileira, amigos é com muito orgulho que apresento para vocês “A Valsa das Águas Vivas”, o terceiro trabalho do Dance of Days.

Na ativa desde 1997, o Dance of  Days começou como um projeto paralelo do ex- vocalista do Personal Choice (Grande Banda) e figura tarimbada no movimento Punk Fabio “Nenê” Altro.

Com influencias claras do Punk/Hardcore, Hc Melódico  e o próprio rock “oitentista” (Indies indo ao delírio em 3,2,1...), os caras deram muito oque falar com “A História não tem fim” de 2001 o “debu” (hummmmm) e conseguiram um reconhecimento na cena alternativa do rock nacional.

Na sequencia bombástica veio o excelente “Coração de Troia” de 2002, os caras não deixavam a peteca cair e rompem as fronteiras paulistanas (legal isso) e excursionam pelo nordeste com os americanos do Avail (excelente banda), mostram que estão afinadíssimos, com letras coerentes e acidas. 

Dando tempo nas produções musicais, eles tiram um tempo para trabalhar em um disco que realmente abalaria os padrões de qualidade já alcançados por eles em dois discos, sim eles queriam realmente se superar.

Chegamos ao ano de 2004, já consolidados como expoentes marcantes na cena alternativa (se podemos dizer que alguém se consolida no alternativo nacional), os caras entram em estúdio e produzem esse verdadeiro míssil sonoro chamado “A Valsa das águas vivas”, sem mais delongas vamos desvendar esse mapa. 

Vamos às faixas:

O disco começa com a ótima “Um dia comum”, que fala de tempo, de juventude, versos como “Foi-se tempo, que ter o que dizer serviu pra alguma coisa...” nos colocam entre se vale a pena ser oque queremos, oque almejamos, aliais todos os dias são comuns, indo até a rapidíssima e não menos pesada “Vai ser assim mesmo”, que fala de relacionamentos. Chegamos a” Adeus Sofia”, uma das mais belas musicas nacionais dos últimos 20 anos, fala das certezas e incertezas do amor, essa faixa conta com participação da Fernanda Takai (Pato Fu). Em “Funerais do coelho branco”, música que leva o mesmo titulo de um dos livros do Nenê , fala também de incertezas que ocorrem dentro dos relacionamentos. 

“A Valsa das águas vivas”, canção que titula o disco é sem dúvida a minha preferida, começa com um baixo realmente estrondoso, que vai pra cima de uma guitarra estupidamente bem conduzida e uma batera que realmente vai passando por cima de tudo (essa musica é realmente foda) que fala de, quer saber escute e tire suas conclusões. Já “ Cem mil bolas de neve” é espetacular , fala sobre as crenças, da luta do dia-dia contra o inimigo que esta sempre dentro você mesmo, “Quando o veneno sobe a lança”, “...quando, outro dia se foi e viste oque passaste, mas depressa a que não percebestes...”, forte porém realmente intenso. Segue com “Dorian”, os motivos para estar bem, a agoniante. Depois “Quando dia aquece sementes mortas (a amarga história do rei do nada)” e seguindo a linha da porrada sentimental vem “Um canto para caronte (ou como a mantícora aprendeu a voar”, “Antítese” as discussões de reconhecimento sobre si próprio. 

E ainda tem “Nada demais”,  “Trabalhando em um bom título (mas que não seja repetitivo)” , fechando tudo com a estonteante “Vitória (ou qualquer coisa que o valha)” , a luta que todos temos que vencer para ser feliz.

Conheci esse disco através do grande Luís Xavier, o “Espalha Lixo”, que fazia parte do Sub-Versão (grande banda do DF, Guará “rules”), que como amigo sabia do período que estava passando.  

Realmente uma bolacha altamente sentimental, um disco que você pode ouvir e se encontrar em algum verso perdido dentro dele. Um disco fantástico, pessoal e por que não muito “foda”, jamais deixaria de receber sua medalha de clássico. 

Bom já foram 16 anos de banda, 10 discos dois DVDs e muitos fãs fervorosos, Nenê Altro, Marcelo Verardi, Fausto Oi e Samuel Rato continuam na linha de frente alternativa do underground, o Dance of Days com “A valsa das águas vivas” prova que a boa música não esta somente no “mainstream” e que a cena alternativa ainda dá muitos frutos bons.

Eu indico esse disco pra você, que um dia espera entender de rock. Vida longa ao Nenê Altro, vida longa ao Dance of Days, o Hardcore vence no final.

Marcelo Guido é Punk, pai, marido, jornalista e professor... “Você, MOCINHA deveria ouvir esse disco comigo”.  



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