Por Adriano Mello Costa
O grande desafio do filme O Garoto de Liverpool (Nowhere Boy no original) era saber se funcionaria caso não se levasse em consideração o personagem principal. O longa ostenta contar os primeiros passos de John Lennon na juventude, antes dos Beatles, da viagem para Hamburgo e tudo mais. Baseado no livro da sua meia-irmã Julia Baird, foca na família de Lennon, entrecortada com tragédias e dramas fortes que deixariam marcas para o resto da vida.
O trabalho marca a estreia de Sam Taylor-Wood como diretora e, apesar dos temas espinhosos que aborda, consegue transitar muito bem como se fosse uma comédia tradicional dos anos 50/60. As inconsequências da juventude, suas dúvidas, frustrações, primeiros romances e nascimento de grandes amizades estão espalhados de maneira cativante. Claro que a figura de Lennon causa maior interesse, mas o filme consegue funcionar além disso.
Com passagem rápida pelos cinemas nacionais, o filme chegou recentemente em DVD e se constitui em uma pedida interessante. O Lennon vivido por Aaron Johnson (de Kick-Ass) é plenamente factível e participa bem do jogo de rebeldia e ironia que o personagem pede. Na verdade, o trio principal é todo bem constituído, tanto pela tia Mimi de Kristin Scott Thomas (de O Paciente Inglês) quanto pela mãe Julia de Anne Marie-Duff (de Em Nome de Deus).
Os fãs que conhecem a história de John Lennon sabem mais ou menos o rumo básico da trama. Criado pela sua tia Mimi (para qual despejou carinho e reconhecimento até a morte), ele vê o mundo começar a mudar quando algumas tragédias familiares acontecem e sua mãe Julia se insere na sua vida. Junte-se a isso o começo da paixão pela música, a formação do primeiro grupo tocando skiffle (The Quarrymen) e o início da frutífera amizade com Paul McCartney.
A trilha-sonora também se configura em uma parte fundamental de um filme como esse, e nela tocam clássicos absolutos de Jerry Lee Lewis, Elvis Presley e Gene Vincent, além da ótima “I Put a Spell on You” por Screamin’ Jay Hawkins.
O Garoto de Liverpool é um ótimo filme que faz rir e emociona na mesma proporção, mostrando os primeiros passos de um gênio da música. E quando nos créditos finais toca “Mother”, é impossível ficar indiferente.
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